Este ano comemora-se o centenário da semana de Arte Moderna, que ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922.
Trata-se de um evento liderado por membros da elite paulistana, entre eles artistas, escritores, literatos e musicistas.
Todo esse grupo intelectual havia se reunido com o objetivo de pensar a cultura brasileira e de quebrar paradigmas de uma arte de teor conservador, predominante no Brasil até o século XIX.
Principalmente influenciados pelo fim da Primeira Guerra Mundial, a ideia desses artistas era a de valorizar a cultura brasileira.
Ao mesmo tempo, eram inspirados por movimentos artísticos e culturais, que estavam acontecendo na Europa naquele momento.
O contexto histórico, político e social da época
No início do século XX inúmeras mudanças ocorreram no modo de vida Europeu. E a arte acompanhou essas mudanças.
Dentro desse contexto, a vanguarda artística por lá se destacou e com ela foi consolidada a modernidade.
O Brasil, por sua vez, havia acabado de começar a se modernizar, e com isso, as primeiras indústrias começaram a se instalar na cidade de São Paulo.
Sobretudo, a produção de café no interior paulista passou a gerar receitas de exportação, transformando assim o Estado no novo polo econômico do Brasil.
Vale lembrar que em 1922 foi o centenário da independência do Brasil. Como tal, o cenário se mostrava ideal para um renascimento artístico nacional.
O país ao passar por uma transformação e a modernização, necessitava de uma nova perspectiva artística, sociocultural e filosófica.
Com isso, houve a proposta de uma arte nacional original e atualizada, que trouxesse reflexões sobre a realidade e a diversidade cultural, característica predominante no território brasileiro.
Desse modo, influenciados pelas artes europeias e pelo mundo artístico ocidental, esses artistas e intelectuais brasileiros uniram esforços para apresentar seus trabalhos ao público.
Tornando a capital paulista no palco do evento da Semana de Arte Moderna, que contou com o patrocínio de diversos membros industriais que estavam ali reunidos.
Principais artistas da Semana de Arte Moderna e suas obras
Oswald Andrade, Mário Andrade, Manuel Bandeira, Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos, foram alguns dos que fizeram parte das exposições artísticas e culturais dentro desse contexto da Semana de Arte Moderna.
Destacaremos a seguir alguns artistas e seus trabalhos apresentados no evento, bem como mostraremos onde é possível encontrar ou visitar essas obras.
Anitta Malfatti
A paulistana Anita Malfatti, além de pintora também era desenhista, gravadora, ilustradora e professora.
Apesar do silenciamento grande de artistas mulheres brasileiras na História, sem dúvidas Anita conseguiu alcançar reconhecimento por ter sido pioneira na introdução da estética modernista no país.
Sua relevância pode ser medida principalmente pelo destaque que teve na programação da Semana de Arte Moderna de 1922.
Anita foi a artista com maior representação na exposição, tendo 12 pinturas a óleo e outras 8 obras, que variaram desde gravuras a desenhos.
Uma das obras da artista que foi exposta durante a semana de 1922 foi “O Aluno”, obra de 1915.
A pintura faz parte do acervo do MASP (Museu de Arte São Paulo Assis Chateaubriand). A entrada no museu é gratuita todas as terças e primeiras quartas-feiras de cada mês.
John Graz
John Graz foi um pintor suíço-americano, formado no curso de arquitetura, decoração e desenho.
Por muito tempo se envolveu em projetos de decoração de residências, também desenhava vitrais e fazia ilustrações para cartazes publicitários.
Além disso, Graz foi convidado a expor 07 de seus trabalhos na Semana de Arte Moderna.
Entre eles estava o ‘Retrato do Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide’, obra de 1917, ser pode ser encontrada e visitada atualmente no MASP, em São Paulo.
Heitor Villa-Lobos
O compositor carioca Heitor Villa-Lobos teve grande destaque na Semana de Arte Moderna de 1922. Ele foi um dos mais importantes compositores brasileiros de sua época e apresentou seu trabalho em dois dias de apresentação.
No entanto, foi o terceiro dia de que se apresentou no Theatro Municipal que ficou para a história.
Antes mesmo iniciar a apresentação, o maestro causou uma das maiores polêmicas da semana, quando apareceu com um pé calçando sapato e no outro um chinelo.
Sua atitude foi classificada por muitos como rude e atraiu muitas vaias e críticas do público. Entretanto, mais tarde descobriu-se que o compositor sofria de calos que o deixavam incapaz de usar os sapatos.
As obras do compositor que foram apresentadas incluem “Segunda Sonata”, “Danças Africanas”, “Mistic Waltz”, “Cascavel”, “Terceiro Quarteto” e muito mais.
Você pode conferi-las em serviços de streaming como Spotify ou mesmo no YouTube.
Além disso, é possível desfrutar de suas obras espaço Ouvillas, que está localizado dentro do Parque Villa Lobos, em São Paulo.
Como foi o evento da Semana de Arte Moderna de 1922?
A Semana de Arte Moderna foi um divisor de águas para a cultura brasileira, e propôs uma nova visão artística e uma ideia “mais brasileira” ao contexto da época.
No entanto, vale ressaltar que nem todos gostaram e aprovaram a proposta trazida pela Semana de Arte Moderna de 1922, pois o evento foi alvo de muitas críticas e polêmicas.
De 13 a 17 de fevereiro, o Theatro Municipal de São Paulo teve aberto à visitação. Em seu salão, instalaram uma exposição de pinturas e esculturas.
Obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e outros trabalhos que foram apresentadas ao público brasileiro na época, que não estava acostumado com as novas formas de expressão propostas pelo modernismo.
Além disso, o evento contou com apresentações musicais, noites literárias, leituras de poesia.
A Semana de Arte Moderna de 1922 chocou a sociedade por trazer uma ruptura com o passado, uma busca pela liberdade de expressão e uma nova visão sobre os processos artísticos.
Por isso o evento ao longo do século XX passou a ser considerado um marco histórico e início do modernismo brasileiro.
Redação do Projeto Brasil 1922 a 2022.